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Em delação Cid diz que Bolsonaro mandou avaliar valor do Rolex e deu aval para vender joias
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Cid também disse que analisou que as peças mais fáceis de mensurar o valor seriam os relógios, e pediu ao Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH), órgão que organizava o acervo presidencial, uma lista dos relógios que o presidente ganhou.
- Por Camilla Ribeiro
- 10/11/2023 22h30 - Atualizado há 11 meses
O principal ajudante de ordens de Jair Bolsonaro na Presidência, tenente-coronel Mauro Cid, disse à Polícia Federal no seu acordo de delação premiada que obedeceu a “determinação” do então presidente para avaliar o valor de um relógio Rolex.
Além de verificar o preço o então presidente também autorizou a venda do relógio junto com outros itens que compunham um kit de joias valiosas dado pela Arábia Saudita como presente oficial.
Esse acordo de delação foi negociado pela PF e homologado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em 9 de setembro.
Cid cita Bolsonaro como mandante dos supostos crimes que são investigados nessa frente de apuração, peculato (desvio de bens públicos) e lavagem de dinheiro.
Essa delação do militar confirmam as suspeitas da PF de que as joias foram vendidas a mando do ex-presidente, que teria recebido os valores em dinheiro vivo para evitar deixar rastros.
No mês de agosto, antes de Cid assinar o acordo de delação, Bolsonaro disse durante entrevista que seu ex-ajudante de ordens tinha “autonomia”. “Não vou mandar ninguém vender nada”, declarou na ocasião.
De acordo com o depoimento de Cid, Bolsonaro estaria reclamando, no começo de 2022, dos pagamentos de uma condenação judicial em um processo movido pela deputada federal Maria do Rosário (PT-RS).
O então presidente reclamava também dos gastos com a mudança e o transporte do acervo de presentes recebidos e das multas de trânsito por não usar capacete nas motociatas.
Bolsonaro, na ocasião, perguntou a Cid quais presentes de alto valor teria recebido em razão do cargo, segundo o relato do ex-ajudante de ordens.
Cid disse também que analisou que as peças mais fáceis de mensurar o valor seriam os relógios, e pediu ao Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH), órgão que organizava o acervo presidencial, uma lista dos relógios que o presidente ganhou.
O tenente-coronel disse à PF que alertou Bolsonaro que o relógio que poderia ser vendido de forma mais rápida seria um Rolex de ouro branco dado pela Arábia Saudita em 2019, durante uma viagem oficial.
Segundo Cid, o presidente indagou se esse relógio poderia ser vendido. O ex-ajudante de ordens afirmou que “recebeu determinação do presidente” para levantar o valor do Rolex e que o ex-presidente o autorizou a vender o relógio e os demais itens do kit ouro branco.
Quando procurado, o ex-secretário de Comunicação e advogado Fabio Wajngarten disse que a defesa de Bolsonaro irá vai comentar.